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Placas Arduino oficiais, clones e “piratas”: Entenda a diferença

O Arduino revolucionou o mundo da prototipagem eletrônica, permitindo o desenvolvimento de protótipos cada vez mais complexos em cada vez menos tempo. Existe hoje uma grande quantidade de modelos de placas oficiais para atender diferentes necessidades, em relação a fator de forma, capacidade, conectividade, etc. Além destes modelos oficiais, a flexibilidade da plataforma Arduino permitiu o surgimento de placas não oficiais compatíveis com o ecossistema, sendo muitas destas idênticas às placas originais.

Diante da variedade existente no mercado, é comum que iniciantes (e até usuários mais avançados) fiquem em dúvida em relação à escolha correta. Em foruns na Internet questões relacionadas às placas não oficiais são frequentes, como por exemplo:

  • Estas placas são falsificações?
  • Por que estas placas são mais baratas?
  • Estas placas funcionam igual a uma placa original?

Neste post iremos de desmistificar as placas não oficiais, mostrar as diferentes categorias que existem entre elas e explicar o que seria uma placa Arduino falsificada.

Placa não oficial = Placa falsificada?

Muitas pessoas referem-se a qualquer versão não oficial da placa Arduino como uma placa “pirata”, ou falsificada. Esta ideia, no entanto, não está correta.

Desde o surgimento da plataforma, os criadores optaram em permitir a livre reprodução do hardware, como o Massimo Banzi, um dos criadores do Arduino, fala neste artigo do blog oficial do Arduino.

Quando criamos o Arduino, uma das coisas que decidimos desde o início foi que queríamos liberar os arquivos de design de hardware para que as pessoas pudessem fazer suas próprias versões ou apenas fazer uma cópia exata caso não encontrassem as placas onde moravam.
Acho que contribuímos para popularizar o conceito de hardware de código aberto e podemos ver isso na enorme quantidade de variações de dispositivos compatíveis com Arduino sendo lançados todos os dias.

Este outro artigo no site oficial do Arduino explica que é permitido fabricar e comercializar produtos baseados em Arduino, desde que o produto derivado seja submetido à mesma licença do Arduino, e sua documentação seja pública. No entanto, não é permitido utilizar o nome “Arduino” e/ou seus logotipos nestes produtos, pois todos estes elementos são marcas registradas. Utilizar algum destes elementos sem a devida autorização é uma violação aos direitos de marca, e portanto, uma falsificação, como informa esta página no site oficial do Arduino.

Portanto, as placas não oficiais Arduino não são placas ilegais, desde que não utilizem o nome “Arduino” ou seu logotipo sem a devida autorização.

Categorias de placas

Já vimos que as placas disponíveis no mercado não são todas iguais. De uma forma geral, todas elas podem ser divididas em cinco categorias, como mostrado a seguir.

Placas oficiais

São fabricadas por empresas autorizados pela equipe Arduino, e possuem licença para utilização da marca, mediante pagamento de royalties. Estas placas possuem produção padronizada, com suporte garantido pelo Arduino IDE.

As placas oficiais trazem gravados o nome Arduino, e são as únicas placas que podem utilizá-los

Estas placas possuem garantia e suporte oficiais, além dos royalties pagos serem utilizados para manter o projeto. Uma desvantagem destas placas é que são consideravelmente mais caras quando comparadas às demais. Além disso, são mais difíceis de encontrar no mercado, em especial no mercado brasileiro.A

Placa Arduino Uno R3
Arduino Uno R3. Fonte: Wikipedia

Placas derivadas

São placas que derivam do projeto de hardware do Arduino que recebem algumas modificações, normalmente com o objetivo de agregar novas funcionalidades ou oferecem um novo layout, buscando atender necessidades específicas. Apesar de não serem oficiais, estas placas são encorajadas pelo projeto Arduino, pois seus desenvolvedores geralmente contribuírem para a comunidade com a criação de códigos, bibliotecas, correção de bugs.

Um exemplo de placa derivada é o Teensy, desenvolvido pela empresa PJRC.

Placa Teensy 4.0. Fonte: PJRC.

Placas clone ou genéricas

São placas baseadas no projeto de hardware do Arduino, podendo ser réplicas idênticas às placas oficiais, ou receber algumas modificações, normalmente com o objetivo de diminuir custos. Utilizam o mesmo microcontrolador encontrado nas placas oficiais, e normalmente possuem compatibilidade com a plataforma Arduino, ou podem precisar de pequenas configurações adicionais para tê-lo.

Uma das características das placas clone é que, no lugar do nome Arduino, elas podem trazer gravadas a marca da fabricante, algum nome como “Ardu + alguma coisa” ou “alguma coisa + ino”, ou simplesmente apenas o modelo de referência da placa (Uno, Mega, Mini, etc.).

As placas clone aparecem com frequência em sites de comércio eletrônico asiático, ou em marketplaces nacionais. A principal vantagem deste tipo de placa é o preço, que costuma ser bem menor que o de uma placa oficial. No entanto, estas placas não possuem fabricação padronizada, sendo fabricadas por um grande número de empresas. Por conta disso, a qualidade destas placas pode variar bastante, de acordo com o fornecedor.

Outra desvantagem é que algumas versões possuem pequenas limitações quanto à compatibilidade com alguns projetos em Arduino. Projetos de teclado USB, por exemplo, não funcionarão em clones com o CH340G, porque utilizam chip conversor USB-Serial diferente da placa oficial.

Exemplos de placas clone.

Placas compatíveis

São placas que anunciam ter compatibilidade com o Arduino, muitas  vezes estas placas utilizando o mesmo padrão de pinos e layout de PCB, mas normalmente utilizam microcontroladores diferentes, o que resulta numa compatibilidade parcial com o Arduino.

Um exemplo de placa compatível é a placa Wemos D1. Apesar de ter um formato e padrão de pinos igual ao de um Arduino Uno, esta versão da Wemos utiliza um ESP8266 no lugar do Atmega 328.

Wemos D1 R1. Fonte: Embarcados.

Conforme Massimo Banzi (um dos criadores do Arduino) relata neste blog, é  comum algumas empresas lançarem placas compatíveis em projeto de crowdfunding e abusarem do uso do termo “Arduino”, com o objetivo de obterem maior visibilidade. Neste caso, a equipe pode entrar em contato com o responsável,  para que ele adeque a descrição do projeto.

Placas “piratas”, ou falsificadas

São as placas fabricadas por empresas não autorizadas, que copiam o logotipo e o design gráfico da marca Arduino, tentando parecer o máximo possível com uma placa original. O objetivo é enganar o comprador, fazendo com que ele acredite estar comprando uma placa legítima. As placas falsificadas utilizam o nome “Arduino”, mas os seus fabricantes não possuem nenhum compromisso com o projeto Arduino.

Qual placa escolher?

O processo de escolha da placa é bastante particular, e deve levar em conta fatores como a sua experiência, seus objetivos e o seu orçamento.

Idealmente, a melhor opção seriam adquirir placas oficiais, por possuírem garantia e suporte diretamente da equipe do Arduino. Além do mais, ao adquirir uma placa oficial você está contribuindo financeiramente para a manutenção do projeto Arduino, melhorias e desenvolvimento de projetos futuros.

É importante considerar que o custo relativamente alto das placas oficiais pode ser barreira de entrada para muitos iniciantes, especialmente em países com uma realidade socioeconômica delicada, como é o caso do Brasil. Neste caso, as placas clone podem ser uma opção viável, por oferecerem ampla compatibilidade com a plataforma Arduino e um preço consideravelmente menor.

Placas derivadas e placas compatíveis são opções válidas, porém estes modelos podem apresentar problemas de compatibilidade de software ou hardware ou necessidade de configurações adicionais, o que pode ser um obstáculo para iniciantes. Assim, elas são recomendadas para usuários mais experientes, para projetos com necessidades específicas..

Por fim, obviamente não recomendamos a aquisição de placas falsificadas. Além de ser algo ilegal, a falsificação prejudica o avanço da comunidade de código aberto. Caso você encontre algum anúncio prometendo ser de uma placa original por um preço muito abaixo do preço de mercado, desconfie. Este artigo pode te ajudar a identificar placas falsificadas..

Fontes:

https://blog.arduino.cc/2013/07/10/send-in-the-clones/

https://support.arduino.cc/hc/en-us/articles/4415094490770-Licensing-for-products-based-on-Arduino

https://www.arduino.cc/en/trademark

https://support.arduino.cc/hc/en-us/articles/360020652100-How-to-spot-a-counterfeit-Arduino

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